TESTES PRÉ-CLÍNICOS COM CANABIDIOL
Estudo recém-publicado pela Progress in Neuro-Psychopharmacology & Biological Psychiatry sugere que o CBD produz melhorias funcionais e moleculares no cérebro de animais, possivelmente induzindo neuroplasticidade (capacidade do cérebro de modificar e adaptar sua estrutura).
As pesquisas foram realizadas em roedores com dor neuropática e comorbidades (depressão e perda cognitiva) relacionadas ao quadro e se concentraram em duas regiões do cérebro, uma área do hipocampo, essencial para a memória (CA1), e a região pré-límbica do neocórtex (com função afetiva e emocional na dor neuropática e na depressão).
A área CA1 é considerada a maior via de saída neural do hipocampo para o neocórtex e a conexão dessas regiões é muito estudada quanto ao funcionamento da memória, à execução de tarefas e também à dor crônica.
Para além da dor crônica, os pesquisadores também consideraram as comorbidades que normalmente a acompanham: depressão e déficits cognitivos. O modelo estudado foi de ratos com dor neuropática (nervo ciático lesionado). Num primeiro momento, investigaram “as conexões neurais entre o hipocampo dorsal (Hd) e a região pré-límbica (PrL) do córtex pré-frontal medial (CPFM)”. O objetivo foi verificar como se dá a conexão e se ela está relacionada não somente com a dor crônica, de origem neuropática, mas também com as comorbidades relacionadas à depressão e prejuízos cognitivos.
Os resultados confirmaram a relação entre as duas regiões do cérebro: o produto usado como marcador celular (dextran biotin), previamente injetado no córtex pré-límbico, foi identificado também no CA1 do hipocampo. Verificaram também que, em presença da dor neuropática, houve aumento da expressão da proteína c-Fos (aparece após intensa ativação neuronal) e do número de astrócitos (se comunicam diretamente com os neurônios, reportando alterações do ambiente cerebral) nas duas regiões (CA1 e CPFM), acompanhada de redução da quantidade de neuroblastos (células que dão origem a novos neurônios) na CA1. Os animais também apresentaram “comportamentos crescentes do tipo depressivo com o comprometimento da memória”.
Após o tratamento com CBD em diferentes dosagens, injetadas no CA1 do hipocampo, os pesquisadores verificaram que a concentração de 60 nmol de CBD foi capaz de diminuir as sensações de dor ao toque e ao frio e atenuar os comportamentos associados à depressão, com melhora do desempenho da memória.
Fonte: Jornal da USP